Quando um homem é enganado por uma mulher, só há uma maneira de esquecê-la e a alternativa chama-se álcool, a não ser que seja este homem um escritor. Decepções, quantas pessoas já não sentaram no sofá no meio da madrugada com as mãos gélidas sobre o rosto? Posso afirmar que o meio mais fácil para esquecer é acreditar que lembrará pela ultima vez, este livro é o processo de ultima lembrança que eternizarei pela personagem Lourdes Maria.
Nessa vida agitada de olhares tão velozes, já parei muito para olhar para os outros com o olhar cuidadoso. A vida nos obriga a não parar nunca, devemos correr, zarpar. Para todos cujo fiz questão de contradizer os ensinamentos da vida, não me arrependo, na verdade me arrependo apenas de não perceber que enquanto estive parado, olhando com os olhos preguiçosos e atentos para os que eu achava que deveria, a vida corria e depressa. Nunca tive maturidade para perceber o recíproco, quanto tempo perdi a amar pessoas que na primeira oportunidade me deram as costas, saíram de minha vida sem mandar notícias. Não me arrependo de amá-las, nem de ter as olhado com os olhos largos de tempo, mas de não perceber a tempo que não era mútuo. Quantas dores poderia ter evitado, noites sem dormir, comidas sem comer, vida temporariamente sem viver? Mas é do meu ser, genético talvez, acreditar nas pessoas como se elas fizessem o que eu faria, sentir o que eu sentiria, e toda vez quando me encontro assim nesse estado, aprendo que não é desta maneira que funciona, até vir a próxima pessoa em minha vida para eu esquecer de qualquer coisa que tenha aprendido com minha própria experiencia errante. Parece ser um ciclo vicioso, uma espécie de moto contínuo de decepções, quebra de cara e superação, a tríade da minha vida gauche. Poderia eu fazer um livro intitulado "Coisas que devemos saber sem precisar passarmos" e teria páginas e dicas consideráveis, cruciais, sou um bom teórico, enquanto na prática permitiria que qualquer possível leitor que me reconhecesse na rua apedrejasse-me sem repudiar tal atitude. As vezes quando paro, percebo que posso ser duas coisas, ou burro, ou ingênuo, prefiro acreditar piamente que não seja a primeira opção, mas não a descarto, pois condecorar-me com o título de ingênuo soa um pouco "vitimoso" demais, então fico oscilando, ora burro, ora ingênuo. Ainda me assusto muito por ainda acreditar nas pessoas, por não ter desenvolvido misantropia - uma espécie de psicose repudiante de seres humanos ou algo assim. Pelas inúmeras vezes que me decepcionei, e que minhas expectativas se auto-destruíram subitamente, poderia fazer um livro intitulado "Ainda cabe mais uma decepção" onde eu mostro que ser decepcionado é parte do desenvolvimento humano, algo como: Nascer, decepção, crescer, decepção, desenvolver a decepção, e morrer decepcionado - criei essa tese e este livro depois da ultima que tive. Afirmo ainda que a desilusão é vital, claro! Quem nunca foi desenganado não vive, apenas fantasia.
Porém, não é autobiográfico o que você lerá a partir das próximas páginas, apesar de ter forte influência de pessoas que me cercaram, é apenas uma mera coincidência. Principalmente a técnica de enfermagem que bagunçou minha vida D.F.G.
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