Acho muito interessante as contradições que criamos contra nós mesmos ao passar dos anos. Eu por exemplo adorava escadas, achava incrível a harmonia dos degraus, do conceito/encaixe que elas serviam de nos fazer ascender. Achava filosófico, interpretável, poético. Subia e descia as escadas só para subir novamente e ter a sensação mágica de transcender, através de passos verticais angulares. Até que um dia nos mudamos para uma casa com escadas, na mesma época trocaram-me de escola - para uma espécie de Liceu da Grécia antiga - com infindáveis escadas, subia-se para fazer quaisquer coisas. Ainda não suficiente, me matricularam em um curso de inglês que era um andar abaixo da cobertura de um prédio comercial com elevador esquecido de ser consertado. Não é tão difícil saber o que se aconteceu com a minha antiga ideia abstrata de escadas não é? Passei por achá-las inúteis, e que não serviam para nada mais que nos levar de um lugar a outro por meio de nosso próprio esforço, tão arcaico, tão demente.
C.A.
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