Sim, apesar dos grandes pesares, acredito em amor verdadeiro. Faço parte de um pequeno grupo seleto da população mundial que ainda acredita. Como diria a escritora Fernanda Young: "As pessoas terminam relacionamentos porque querem grandes excitações" e eu ainda não achei uma pessoa que possa me orgulhar de sentir que façamos parte de uma estranha exceção. O amor comum tem data de validade escondida em um rótulo difícil de ser encontrado. Por ventura caso achemos tal informação, devemos olhar todos os dias quanto tempo falta para seu vencimento, para não nos pegarmos distraidamente por vencidos.
Os radicais não procuram tal amor eterno até que já tenham se divertido com todos que passaram por sua vida. Pegam-se na velhice sozinhos, sem ninguém para compactuar a diária e árdua tarefa da idade avançada ou com um amor não ideal, que poderia ter sido aquela terceira ou quarta pessoa cujo não deu muita relevância - que inegavelmente amou profundamente, mas não conseguiu em meio a tanta aventura da vida, unir-se a ela.
As oportunidades de um novo relacionamento passam por nossas vidas e devemos agarrar com unhas e dentes, mas devemos ter a sagacidade de saber se vale a pena ou não. Nosso ponto fraco nos encontra sem que estejamos esperando e derruba qualquer ideia que tivemos de vida feliz ao lado de uma pessoa errada. A astúcia da escolha deve ser bem apurada, bem analisada; como um cadáver encontrado nos arredores de um rio e cabe a você como um bom profissional forense garantir seu emprego descobrindo como se deu o óbito.
Deixar uma pessoa portanto para unir-se a outra é o maior ato de egoismo do mundo, que não tem outra finalidade se não utilizar dos métodos de tortura da idade média em um contexto atual e com ferramentas atuais (a metáfora apenas se encaixa quando se há amor na perspectiva do deixado, pois se não houver nenhum resquício fraternal ele sairá intacto e sem nenhum arranhão aparente). Aconselho então a não entrar em nenhum relacionamento apostando todas as fichas, fazendo planos para um futuro distante com o companheiro recém conhecido ou entrando de cabeça - você correrá um grande risco de bater com ela em uma pessoa rasa.
Amar é uma dança de difíceis escalas, deve-se antes de tudo aprender todos os passos e conhecer bem o parceiro que se queira bailar. Amar é como um jogo de xadrez, se o seu competidor for mais ardiloso e se permitir você entradas para um rápido xeque-mate, você perderá rapidamente sua rainha. Amor verdadeiro é como a sorte, muitos não acreditam e tem, muitos não tem e acreditam. Quando uma pessoa tem e acredita, a sorte faz-se amor.
C.A.
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