Posso garantir que ser idiota é bem mais aproveitável que ser sagaz, enquanto nesta minha condição posso me livrar de quaisquer situações por me verem como um ser sem nenhuma capacidade de ter razão. Posso evitar longos debates políticos, longas falácias religiosas e brigas de fanáticos futebolísticos - a tríade da desconstrução de uma pessoa. Logo, vivo no suprassumo da vivencia do "então esquece". É um aliado entanto para livrar-se de algo. Colocando em uma balança, ser idiota tem suas qualidades.
2. Ame alguém ou entre na igreja.
Se você não quiser de modo algum ser taxado por bobo, não ame ninguém. Amar é tirar o senso de realidade concebido por Deus à toda a espécie. Os piores idiotas são os idiotas apaixonados, pois tentam inconscientemente levar sua tolice para todos que os cercam.
Há três fases para esse tipo de pessoas:
- 1. A fase da negação - todos falam o quanto ele regrediu em termos mentais, mas ele não enxerga e ainda chega a deduzir que quem está sendo bobo são todos os que afirmam que seja ele.
- 2. A fase da afirmação - depois de um tempo e após rever alguns conceitos básicos de sanidade intelectual, ele chega a conclusão que possivelmente esteja mesmo passando dos limites da normalidade aceitável por babaquice. Chega a concordar quando é apontado como tal, mas não encontra solução para sair do posto.
-3. Fase do arrependimento - essa fase pode não ser nunca realizada, pois dependerá de diversos fatores exteriores, um deles é o rompimento do amor. Após a emancipação do relacionamento, quando o juízo volta lentamente ao seu estado natural, há um arrependimento severo pelo antigo modo de estado.
Já entrar na igreja é ainda pior, pois você passa a viver sobre uma ótica de pessoa correta, bobos religiosos não são bobos, são muito bobos. Há nesta designação dois tipos de bobos, os bobos bons e os bobos ruins. Seguir a dica dois é sem duvidas escolher ser o bobo ruim. Pois são os insuportáveis.
São felizes todos os idiotas condicionais - aqueles que nasceram com o dom da falta de esperteza - já os que sofreram metodicamente o ganho desta condição, seja por concebimento do amor ou outro meio que provoca a idiotice momentânea, esses sofrerão de dores na consciência por tempo indeterminado. Entretanto, não é impossível conseguir viver de modo feliz com a idiotice adquirida, já que isso depende unicamente se você quira ou não ser um bobo.
3. Não seja burro.
Há um engano terrível que as pessoas cometem, e já dizia Clarice Lispector - cujo faço deste texto uma homenagem e já que foi ela quem me fez aceitar minha condição de boboca. "Não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil". Seguindo esse raciocínio, para ser um idiota feliz, largue da ignorância.
4. Não leia nenhum livro.
Pode parecer estranho para algumas pessoas, possivelmente alguns devam ter feito careta ao se deparar com a dica que discorro agora, mas afirmo que sim! Não ler é se permitir viver sem paradigmas estabelecidos por livros escritos há séculos ou milênio. De certa forma, ler é não pensar, ou pensar com a cabeça de um escritor que já pensou e escreveu aquilo que pensou para que você leia e passe a pensar igual a ele.
Principalmente para os bobos que escrevem, essa dica é fundamental. Lendo você está sujeito a reproduzir ideias já tidas, e ser tido como plagiador.
Para quem até aqui, não está convencido que ser um bobo é bem melhor que ser esperto, sugiro que leia "A arte não ler" de Schopenhauer (cujo não li)
5. Não siga nenhuma manual, conselhos ou conjunto de dicas.
Como a dica três já afirmou, não seja burro. Seguir manuais, conselhos ou dicas que demonstram como você deve viver, agir ou pensar, colocando exemplos, teorias e modos descritos neles com convicção que será melhor assim, é burrice. Idiota nenhum segue roteiro. Você já viu um idiota pegando um manual de como montar um móvel? Não. A idiotice tá na arte de criar, montar uma cama o que viria a ser uma estante. Idiota é quem vive da maneira que acha que tem que viver, sem nada que os prendam, sem base, sem linha a seguir. As maiores pessoas são idiotas, ou como você explica a orelha que o próprio Van Gogh cortou? Ou do desespero cuja Frida Kahlo raspou sua cabeça e se entregou a bebida ao saber da traição de Diego Rivera? Ou ainda de Clarice Lispector fazer um texto defendendo os bobos e que mexe ainda comigo mesmo depois de anos? Seja idiota e não tenha medo ou vergonha disso. Os espertos são do mundo, já enquanto ao mundo, esse são de todos os idiotas.
Carlos A. para Clarice Lispector (onde quer que ela esteja).
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