terça-feira, 12 de maio de 2015

Castigo

Um passo em falso e pronto! Estamos na boca do inferno/castigo. Há quem necessite de tais punições, estes são aqueles que não dão mais de dez passos sem tropeçar. Eu por exemplo, não tiro os olhos dos meus pés e ando com a atenção de um neurocirurgião em trabalho - por ter a predisposição em ser um deles. Há também quem não necessite, esses correm em lagos congelados untados com manteiga mantendo a coluna elegantemente ereta como um dançarino.
A pior maneira de castigar um desatento é com a frieza do silencio, quebrando-o de vez em quando com poucas palavras e irônicas. O castigador nada no raso do orgulho em imaginar que está fazendo o correto e sensato, enquanto ao castigado, afoga-se no mesmo rio da incerteza dos fatos. Tolo é quem não consegue discernir entre o ideal e o pitoresco. Vou exemplificar para os leitores que já tropeçaram no inicio do texto e não fazem ideia de onde quero chegar.
Uma ave fez um ninho em uma determinada árvore e ao voar para buscar restos do que poderia servir para a construção do seu abrigo, esqueceu-se de quais das duzentas árvores que haviam no raio de visão do parque estava seu ninho pré terminado. Vamos lá caro e inestimável leitor, o que deve ser feito com a ave desatenta? Observação necessária: Entender a parábola a seguir como algo cotidiano e humano representado por uma ave.
Opção um: Ajudá-la a buscar, como um bom cidadão.
Opção dois: Orientar que seja feito outro ninho, instruindo maneiras para que possa ser melhor identificado.
Opção três: Castigá-la julgando seu erro sem pensar em outras opções.
É natural e quase que inconsciente que o ser humano busque a alternativa mais fácil e rápida de se resolver um problema que lhe aflige, mesmo que a menos ideal dentre a outras, esta será a escolhida. Porque sentimentos a necessidade instintiva de solucionar e pronto - o que pode causar a volta do problema por não haver escolhido a letárgica, porém, eficaz solução.
O castigo, nada mais é que a projeção dos nossos medos de errar em alguém que errou. É caminhar olhando para os próprios pés, esperando que alguém ao lado caia para apontar o dedo e depositar sua ira reprimida em curtos passos, em quem caiu. Pois disse Jesus: "Quem nunca pecou que atire a primeira pedra". Os homens com seus braços fortes e levantados agarrando rochas com o dobro de seus pesos, prestes a irem de encontro a quem tropeçou, em segundos, lembraram de seus medos e a projeção caiu no chão, o que fez subir a poeira da vergonha. Mesmo Jesus que foi castigado por ter errado perante a visão de alguns. A ideia de erro é pessoal e mutável.
O castigado nada pode fazer se não aceitar pena. Pena que varia de peso; ora pesa uma pena, ora pesa algumas toneladas. O silencio e as metáforas irônicas como escolha de castigo, com certeza, não tem valor palpável, trazendo para o conceito real de punição, equivaleria a morte na cadeira elétrica sem chance de reencarnação.

Carlos Ant.

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