domingo, 18 de maio de 2014

Poesia para ninguém I

o poeta mendigo
alfabetizou-se na rua
escrevia versos tímidos
com um giz no chão
largava em seu rumo
sempre que podia
um pouco de sua solidão

e os transeuntes dispersos
que correm atrasados
não leram o jornal
não assistiram ao noticiário
nem sequer viram
o que se tinha passado

por ali todos trafegaram
a moça com o bebê
o vigia da obra atrasada
as freiras para capela
a bela senhora adornada
mas ninguém se quer notara
que vazia estava a calçada

mas sempre tem alguém
que por força do destino
não acorda assim muito bem
e foi aquele pequeno menino
cabisbaixo pela sorte
leu no chão uma poesia
no qual falava de morte

"nessa vida tristonha
de um mundo sem porta
mendigo não morre
descansa no céu"

Carlos A.

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