segunda-feira, 14 de abril de 2014

Distancia impiedosa

E é impossível negar, sempre lembro de como nossas coxas se enroscavam quando tocava aquele jazz, tua carne desnuda à mostra, o toque da ponta de teus dedos passeando sem rumo sobre meus cabelos e esquecendo-se em minha nuca, tão proposital quanto os olhos de fome que fazia quando sobre à penumbra me despia, tua voz rouca propagava-se tão tímida e lenta que hesitava se de veraz queria fazer-se ouvida, o aroma do teu sexo que exalava o quão me queria mais perto, quase que dentro, ou se através. O acalanto que teu coração fazia quando descansava minha cabeça em teus seios, ah teus seios! A maneira como demonstrava satisfação quebrando o silêncio com súbitos suspiros, tuas unhas quando me marcava a pele e teus dentes quando me marcava a alma. Hoje quando devaneio em noites insones, sobre o vazio massacrante de minha cama, refaço as notas em minha mente daquele jazz que, me maltrata hoje tanto quanto um dia já preencheu uma vida inteira, e que hoje já não passa de súbitas recordações involuntárias, que não tem outro propósito se não dilacerar-me.

Carlos A.

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