quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Prolixidades

Após ler inúmeros pensamentos existenciais chego a conclusão que é perturbador a condição posta de ser. Nego qualquer desejo involuntário, que irrefutavelmente possa a vir abalar meu novo estado de não-ser; para permanecer assim em minha nova posição posta por mim mesmo.

Seria tudo mais simples se não houvesse a necessidade de ter que ser, estimulado desde a infância para com os pupilos em formação de vida. A cobrança em estar sendo o que é, mesmo quando sem a mínima vontade, tira-me o sono. A recusa em ser trás consigo tantos outros levantamentos que acarretam assim em mais pensamentos, e que me causa ainda mais insônia.

Vivendo no modo Anti-ser: não se há identidade (sem nome, sem sexo, sem religião, e etc);
dispensa-se o tempo (acarretando na não necessidade de se ter uma idade, ou de viver baseado em horas/dias/meses/anos); a insignificância do espaço (logo, não se mora, não se veio ou vai para lugar algum).
Não ser está diretamente ligado a não ter - este ultimo nem sempre voltado à algo material. Não ser é não pensar segundo Descartes, o que coloca por terra a meu estado condicionado, pois enquanto decorro tais objeções estou pensando, e logo, sou/existo.

As contradições logo aparecem e a impossibilidade de não-ser vem com elas. Poderia o fato de ser ser a praga rogada em nossos antepassados comedores do fruto proibido? Onde após a descoberta da divindade maior sobre o acontecimento oriundo da desobediência acarretou na sabedoria; e com ela automaticamente na premência inegável de "tornar-se"? Seria o paraíso de todas as religiões simplesmente o fato de alcançar este estado de espirito¹? Será se essa busca efêmera não seria uma utopia surreal? Enquanto faço essas indagações pertinentes, já não demonstro visivelmente que fugi da minha exigência clara exposta na premissa deste raciocínio? Ao fim, concluo que tenho que continuar sendo. Afastemos então para o lado a pedra do "To be or not to be, that is the question" e contentemos com a resposta obvia.

1. De não ser.

Carlos A.

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