Preciso de um chá, faz muito tempo que não tomo. Hoje quando eu acordei veio o cheiro do chá da noite, que minha vó Lúcia fazia antes de dormir quando passava os fins de semana em sua casa. Ela quem me ensinou a degustar. No começo colocava três colheres de açúcar, não tinha nada pior que aquilo. Quando algo cabe açúcar para melhorar seu sabor, costumo colocar sempre três bem cheias, quando não se cabe, coloco maionese.
Aos poucos as colheres foram diminuindo, acabei me vendo tomando chá puro, igual minha vó. Acabei gostando e aprendendo a carregar o hábito de me sentar à sala de estar e esperar, antes de dormir, o bendito chá. Quão era bom a companhia de minha vó, suas histórias, seus conselhos. Quando os fins de semana acabavam, e eu tinha que voltar a minha casa, não tinha nada que eu tomasse para esquentar-me do frio, conversas na sala de estar, tampouco alguém para me atualizar da novela que nunca ouvi, e me fazer confundi os personagens. Passei a gostar de finais de semana também, de rádio, de xarope para prevenir-me da gripe...
Quando minha vó Lúcia se foi, nunca mais tomei chá, nunca mais liguei o rádio para ouvir as novelas, nunca mais segui conselhos. E é tão engraçado como certos aromas marcam tanto, e o poder que eles tem de nos teletransportar para o passado. Hoje quando acordei, além de sentir o cheiro do chá, ouvi a minha vó me dando um conselho para tomar xarope. Acho que vou gripar.
C.A.
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