quarta-feira, 22 de abril de 2015

Comparações II

É como um soldado que vai à guerra deixando todos os sonhos, família, amigos. Arrisca sua vida por uma ideologia que compraram para ele. De peito inflado e espírito retraído caminha em marcha rítmica constante. Cada passo e cada piso forte no chão um pouco de sua esperança em voltar se dissipa em meio a ideia de batalha; muito mais pessoal, psíquica, do que propriamente dita. Poderia ele simplesmente voltar covardemente, se não estivesse na linha frente, ali com sua cara a tapa. Em sua mão está uma arma que não sabe manusear, irá aprender quando o instinto de sobrevivência falar mais alto. A verdade é que ele já sabe usar, seu instinto de sobrevivência está no limite, afinal, manejar uma arma não requer curso intensivo. Ao visualizar a tropa inimiga, treme e debocha de si mesmo por estar ali. Vê o filme de sua vida passar por sua cabeça e o frio da morte submergir de suas entranhas mais profundas para o corpo todo; quase um parto personificado da fraqueza. É como ser atingido em cheio no braço cujo carregava a arma, sem chance nenhuma de revidar. Nessas condições então cair no chão inconsciente e aparentemente derrotado e sobre ele cair meia dúzia de colegas também temerosos. Acordar depois na enfermaria improvisada e sem o braço. É como voltar para casa depois de tudo, feliz por estar vivo, porém, amputado.


Carlos Ant.

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