quinta-feira, 15 de agosto de 2013

TUTORIAL PARA ESCRITORES INICIANTES APAIXONADOS POR NINGUÉM (ou por todo mundo) (com ironia).

Subitamente me bateu uma enorme vontade de escrever um texto ensinando a pseudo ditos intelectuais a escrever algo romântico, se por acaso, você já utiliza as instruções desse pequeno tutorial aqui apresentado, desconsidere-o.
Nomeie-o com um título grande para chamar atenção.
Inicie seu texto com um embrenhados de bla, bla, bla... Eu poderia te dar o céu... bla, bla, bla, e mais uma porrada de baboseiras melosas de coisas impossíveis pra tentar mostrar pra ela(e) o quanto você a(o) ama.
Exponha o quanto seria bom se vocês dois ficassem juntos pra sempre, e algumas frases que faria ela(e) imaginar a felicidade que supostamente poderia ofertar-la(lo), não esqueça das repetições das palavras, afinal de contas, elas são fundamentais para que o texto fique fixado.
Use, pausas, por, virgulas, alea,tórias para dar-lo um ar de superioridade, intelectual mesmo qu,e elas tenham sido postas in,devidamente.
Por fim exprima mais coisas desnecessárias, abuse de citações internas que fogem do intuito inicial (a ideia é deixar o texto com maior comprimento possível) escreva coisas fora de contexto, cite Freud, Aristóteles, e outros grandes pensadores, nunca Clarice Lispector ou Caio F. A., use perfeitamente o vocabulário culto da língua isso transmitirá uma ideia de conhecimento, ex.: "Vistes essa rosa vermelha que Eu pensei em mandar-te?", aproveite o texto para a inflação do SEU ego (quando falar de si use a letra inicial maiúscula como se estivesse mencionando uma divindade superior, caso contrário, será uma heresia/heterodoxia contra si próprio), com isso, o que viria a ser apenas mais um pensamento de senso comum de um adolescente mostrando sua capacidade monogâmica e de autoestima, torna-se, aos olhos do próprio, um pensamento revolucionário que abriria a chance de uma nova escola literária, (abuse dos parenteses, isso produz um efeito de que você pensou ao escrever, mesmo que tenha tido uma ajuda de sites de frases da internet, ou de caderninhos de versos).
E para acabar a perfeita elegia de um apaixonado por ninguém ou por qualquer que o(a) oferecem bom dia, digno de prêmio de literatura, encha-o de palavras que outrora nunca usaria tais como "ofertar", "exprimir", "monogamia", "elegia",.
Jamais, por hipótese alguma esqueça de inserir uma banda ou um cantor nacional de mpb no meio só para tornar seu texto cult, (dica: Los Hermanos).
Finalize com um dos maiores clichês do mundo, entretanto o que fará obrigatoriamente uma indagação ao leitor alvo, ou até mesmo uma releitura, os pontos de reticências! São infalíveis...

Carlos Antônio

terça-feira, 13 de agosto de 2013

intimidade pública

por que desnudas os pelos?
se são pelos pelos que eu me afago
e essa vergonha nos peitos?
já disse que em mim tens lugar vago!
por que escondes tuas nádegas?
se são em tuas curvas que pela noite vago
e toda essa timidez tamanha?
eu te levo ao céu, mas depois te trago
por qual motivo me escondes os cigarros?
se as vezes eu anseio por um trago
me proibistes de sair pela noite?
minha boemia já disse, não largo!
e toda essa religiosidade eminente?
oro à Krishna, Jesus e por qualquer mago

Carlos Antônio

ente epicentral

ja acostumei com esse silencio interno
que sempre bate na gente 
quando não se ha mais nada a dizer
essa impressão que nós sentimos
de que tudo já foi dito
e é um grande em vão continuar 
essa tentativa de auto controle 
para não precisar gritar ou fugir
do que também não se sabe o que é 
acostumei também em não temer
nem o escuro nem a solidão
nem essa incógnita que me tirava o sono
deixei de lado e distante a vaidade
que me envaidecia meus conceitos 
e me subia a cabeça pensamentos 
que não condizia com meus quereres

Carlos Antônio

convite

vem aqui e me faz uma visita?
não há mais ninguém aqui em casa
separei um cd com uma musica bonita
vamos voar, te carrego em minh'asa

preparei um café requintado
pra te subir aquele alento
o ventilador tá consertado 
e eu ando tão sedento

arrumei a colcha da cama
ansiando pra nós bagunçarmos
quero deixar tudo em chama
pra na noite os nossos corpos roçarmos

mas não me venha só de passagem
no meu coração já fiz sua moradia
traga toda sua bagagem 
quero dormir ao som da tua alegria

Carlos Antônio

ruptura



num simples encontrar de braços
os meus, os teus, os nossos

se entrelaçam em meio aos laços
afogando os afagos, magoados
sem saber o sentido da procura
apenas está ali a preencher
você sempre dizia que não iria
mas pela força
que pusera no encontrar de nossos peitos
senti que não era de felicidade
nem de tamanha satisfação

era de uma despedida,

a representação da quebra
de uma promessa feita
e que pela minha vida suspeita
foi a única que acreditei

Carlos Antônio

horacausto

me perco em meio a indecisão
ora é sim, ora é não
hora é holocausto

Carlos Antônio